75% das famílias pernambucanas estão endividadas em setembro aponta pesquisa

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75% das famílias pernambucanas estão endividadas em setembro aponta pesquisa

Lojas do comércio no centro de Caruaru. (Foto: Leonardo Santos)

O percentual de famílias endividadas atingiu os 75,7% no mês de setembro, ante 76,4% do mês de agosto. Foi o que apontou Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) elaborada pela Federação do Comércio de Pernambuco (Fecomércio PE). De acordo com a Fecomércio, essa queda de pouco menos de 1%  não era o movimento esperado para o endividamento no nono mês do ano, visto que a comemoração do Dia dos Pais teve adesão superior às datas anteriores, o que traria uma elevação no nível das dívidas das famílias.

Além disso, datas ligadas a promoções em produtos do varejo, como a Semana do Brasil e um feriado prolongado no pós pandemia, também iriam contribuir para a elevação do endividamento. É provável que os consumidores tenham realizado compras à vista para reduzir o endividamento devido a um horizonte ainda gerador de incertezas econômicas, principalmente ligada à continuidade de auxílios emergenciais e da melhora no mercado de trabalho. Esta é a maior taxa de endividados para os meses de setembro desde 2010, quando o resultado atingiu os 87,0%.

Mais uma vez, a atual conjuntura ligada às incertezas criadas pela pandemia da covid–19 atuam no movimento de queda dos endividados pernambucanos. Com um mercado de trabalho ainda bastante deteriorado, visto que o primeiro saldo positivo de empregos formais em 2020 foi computado apenas em julho, as famílias passam a reduzir a compra de itens menos essenciais, além de parte delas dar continuidade ao processo de ajuste das contas e da nova realidade de consumo, pois as restrições orçamentárias estão maiores ou indicam que podem aumentar no curto e médio prazo. De maneira geral, o desemprego cresceu a cada semana e, segundo o IBGE, a desocupação, no segundo trimestre de 2020, alcançou os 15% no estado de Pernambuco.

Outro importante destaque é que o mês de setembro, apesar de não possuir datas fortes no calendário de compras, visto que a Semana do Brasil ainda é realizada de maneira tímida, apresenta um nível de consumo muito ligado ao início das estações mais quentes no estado, além de servir muitas vezes como antecipação de compras para o Dia das Crianças. Vale destacar que, assim como as datas anteriores, a Pesquisa de Sondagem de Opinião para o Dia das Crianças apresenta uma intenção de comemoração inferior aos 50%, apontando que as famílias de fato continuam com um comportamento mais conservador em relação às compras por medo da atual conjuntura econômica.

Já apontado na intenção de consumo das famílias, outro fator relevante é a injeção de recursos realizada pelo auxílio emergencial do Governo Federal no estado de Pernambuco, que alcançou os R$ 7,1 bilhões de reais entre abril e agosto de 2020, que pode ter permitido o pagamento de dívidas por parte das famílias e a queda do endividamento. Vale destacar que o anúncio da extensão do programa até dezembro, com redução de 50%, também pode ser um motivador de um menor ritmo de consumo e, consequentemente, de endividamento. Além disso, a incerteza sobre a continuidade do auxílio, a partir de 2021, também puxa ajustes nas contas já em 2020 pelo temor de dificuldades após o fim do programa.

Em números, o percentual de 75,7% equivale a 389.862 famílias endividadas, queda de 3.327 lares em um mês, já em relação ao mesmo período de 2019 houve uma alta de 27.099 famílias. As famílias que possuem contas em atraso atingiram os 30,4%, queda em relação a agosto e quando comparado a setembro do ano anterior, que registraram percentual de 31,3% e 32,3%, respectivamente. É importante lembrar que estas famílias já apresentavam maior dificuldade no pagamento de suas dívidas, com orçamento mais apertado, aumentando as dificuldades de honrar todos os pagamentos em um período de maior restrição devido à covid-19. Atualmente, no estado, 156.411 famílias estão com alguma conta em atraso.

Já a parcela da população com a situação mais crítica, que é aquela que informa não ter mais condições de pagar as suas dívidas, mostrou percentual de 13%, o que corresponde a 67.032 mil famílias inadimplentes. E, como o primeiro grupo, este apresentou alta no número de famílias nesta situação em relação ao mês anterior, com alta mensal de 3.218. Já na comparação anual, o percentual de famílias inadimplentes caiu e teve decréscimo de 2.760 lares. Essa queda anual reflete, mais uma vez, o maior número de acordos e uma facilidade maior criada pelas credoras devido ao período econômico difícil.

Quando se analisa o resultado por tipo de dívida, verifica-se que o tipo mais apontado continua sendo o cartão de crédito, atingindo 90,7%, ante 92% de agosto, seguido pelo endividamento com carnês, que representa 18,5%, ante 23,5% do mês anterior.  A maioria das famílias endividadas informa também que as dívidas comprometem entre 11% e 50% da renda. Para o mês de outubro, espera-se um retorno da elevação do endividamento, isto porque o mês carregará o Dia das Crianças, data importante para o varejo.

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